Policiais penais flagram 'pescaria de droga' em penitenciária no DF


Vídeos gravados por policiais penais mostram um esquema de "pescaria de droga" dentro do Centro de detenção Provisória (CPP), no Distrito Federal. As imagens, inéditas, foram obtidas após dois meses de investigação.

Na gravação é possível ver que que detentos da penitenciária, onde estão os presos do regime semiaberto, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), se aproveitam de uma pequena abertura para ventilação, que fica no topo da estrutura do prédio, e usam um estilingue para arremessar uma espécie de corda para fora da cadeia.

O objetivo, segundo os agentes, é atingir uma rua do outro lado do muro, a 12 metros de distância. Eles tentam arremessar várias vezes, sem sucesso.

Em nota, a Secretaria de Segurança Público disse que reforçou o efetivo de policiais penais no CPP e implementou rondas externas. A pasta também disse que pediu apoio da Polícia Militar para apoiar o policiamento nas proximidades da penitenciária.

Segundo os policiais penais, o material foi interceptado antes de chegar até os detentos. A investigação durou cerca de dois meses, onde os agentes vigiavam a movimentação dos presos.

Durante esse período, foram apreendidos 5 quilos de maconha, 208 comprimidos de roupinol, quase meio quilo de cocaína e porções de crack. Além disso, foram encontrados 246 celulares, 86 chips telefônicos e 26 facas.

A corda usada pelos presos é feita com sacolinhas de plástico, que são desfiadas até ficarem com a espessura de um barbante. Depois, um pedaço é amarrado no outro.

Do outro lado do muro da Papuda, tem um comparsa esperando. Quando a corda consegue chegar até lá, ele amarra a droga ou o celular e daí lança de volta pra cadeia. Quem está na cela puxa de volta, como se fosse uma pescaria.

Ao todo, 26 pessoas foram presas flagradas cometendo esse crime. Ainda segundo policias penais, alguns deles tinham acabado de ser soltos da cadeia para cumprir pena em casa por conta da pandemia do novo coronavírus.

O Sindicato dos Policiais Penais (SindPen-DF) disse que percebeu um aumento de investidas dos presos nesse período de coronavírus e, por isso, solicitou à SSP a construção de um muro de contenção de tela para impedir a entrada de drogas.

Já a pasta afirmou que que as condições do presídio – que tem características de "casa de albergado" – "não permitem a construção de um muro mais alto do que já existe no local [...] e nem a instalação de arame em volta do terreno".

Fonte: G1